Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sexta-feira, dezembro 30, 2005

Morrer Na Guerra

A guerra do Iraque não está só a destruir vidas, casas, almas. Está, também, a destruir valores que julgava definitivos. Depois do governo dos EUA ter defendido a tortura (desde que praticada fora do seu território…), ter defendido o rapto de suspeitos e o seu encarceramento por tempo indeterminado, ter defendido a pratica de escutas telefónicas e controlo de mensagem electrónicas sem mandato judicial, só faltava, agora, a machadada na liberdade de imprensa.
O presidente americano disse, há dias, que a denúncia do New York Times era um acto de traição. Que essa denúncia só ajudava os inimigos da pátria. Depois disto, só posso pensar que o senhor Bush está perigosamente perto de se transformar num ditador à moda antiga.
A mentira parece imperar nas relações internacionais ou, pelo menos, na relação com a opinião pública. Vale tudo para manter as pessoas enganadas e levá-las a aceitar qualquer política, por mais violadora e restritiva que seja das liberdades individuais. Salazar era um ditador menos violento. Ao menos, os presos políticos do velho regime eram julgados… e condenados a penas temporalmente definidas. Hoje, quem controla o que se passa em Abu Grahib, Guantanamo ou nas outras cadeias secretas espalhadas pelo Mundo? Colin Powell disse que os parceiros europeus sabiam de tudo relativamente ao transporte dos suspeitos de actos terroristas. O que quer ele dizer com “tudo”? Que se tratam de meros suspeitos? Que estão a ser expatriados à revelia de qualquer lei internacional? Que vão a caminho de cadeias fora do controlo de qualquer organização internacional? Que irão ser torturados? Então… se Powell fala verdade, mentiu o nosso MNE.
Se bem me lembro, Freitas do Amaral disse que nada consta no ministério sobre esses alegados actos e que nada faz suspeitar que o território português esteja a ser utilizado para actos ilegais à luz do direito internacional.

A última coisa que li sobre as tácticas da propaganda americana quanto ao Iraque, diz respeito ao pagamento de notícias favoráveis ao andamento da guerra. Um jornal de New York, o Times Union, denuncia que o Pentágono está a pagar a jornalistas americanos, egípcios, iraquianos e sabe-se lá de onde mais, para propagarem textos de contra-informação e propaganda, isto é, para mentir. Na guerra, a primeira vítima é a verdade. Pois é.

1 comentário:

Isabela Figueiredo disse...

Sim, eu concordo com isto tudo, mas Salazar e os seus seguidores políticos e policiais não eram meiguinhos. Manipulavam, jogavam sujo. Sabemos tudo o que se passava nas prisões? Qual era a imparcialidade do poder judicial face ao poder político? Para mim, Bush e Salazar teriam sido os melhores amigalhaços!

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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