Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











quinta-feira, janeiro 12, 2006

O Caçador de Marajás

Rio de Janeiro, 1989.
Depois de longas negociações com os assessores de imprensa, depois de semanas de falsas promessas e teimosas insistências, lá conseguimos ½ hora do precioso tempo do senhor candidato. Collor de Melo “não tinha saco” para dar uma entrevista à televisão portuguesa. Portugal não entrava nos calculismos políticos do futuro presidente brasileiro…
A entrevista não teve grande história. O candidato era mestre no discurso demagógico e populista. Mas chamou de “filhos da puta” aos senadores americanos que tinham tido a ideia de propor para a Amazónia o estatuto de “património mundial”, de modo a retirar o território da soberania brasileira e entregá-lo à administração das Nações Unidas. “Ganhei o dia” com o palavrão e fiquei com a certeza de que estava a falar com o candidato que iria vencer as eleições. Bonitão, macho, valentão e rico, não lhe faltava nada para agradar ao público, principalmente às mulheres.
Ao darem a vitória a Collor de Melo, nas primeiras eleições livres depois de 25 anos de regime militar, os brasileiros perderam uma oportunidade de melhorar o país. Collor revelou-se um corrupto e acabou por ter o mandato anulado por decisão do Congresso. Logo ele, que ganhou fama como “caçador de marajás” enquanto foi governador de Alagoas. “Marajá” é a alcunha que o povo brasileiro dá aos que enriquecem ilegalmente.

1 comentário:

CN disse...

nessa época, Lula jamais poderia vencer. faltava-lhe tacto para perceber que sem as necessárias alianças não se vencem eleições.
mas aprendeu com o tempo.

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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