Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sábado, janeiro 31, 2009

Já há culpados, no caso Freeport


Não sei se há alguma “campanha negra” contra o primeiro-ministro, mas sei que já houve. Quem se lembra das insinuações que surgiram na imprensa em 2004 e durante a campanha eleitoral de 2005, sobre a orientação sexual de Sócrates? Eu lembro-me… e lembro-me de ouvir piadas brejeiras de mau gosto de Santana Lopes sobre o assunto… ele que é o protótipo do macho ibérico. Foi um caso raro de infracção à hipócrita solidariedade institucional que, normalmente, os políticos têm uns pelos outros.
Mas, neste caso do licenciamento do Freeport, julgo que há questões que têm de ser bem explicadas. Se já foram, repitam a explicação, agora que estamos todos com atenção. É que também acho estranho que aquela obra tenha sido aprovada tão em cima da data das eleições e, aparentemente, com tanta pressa.
Digo isto, mas não tenho convicções sobre a culpabilidade de Sócrates. Já o mesmo não acontece em relação a outros intervenientes deste processo. Neste caso, há corruptores confessos, os promotores e administradores do Freeport… e há abusadores confessos do bom nome de outrem, como é o caso do primo do actual primeiro-ministro. A esses, se a justiça portuguesa vale de alguma coisa, já ninguém lhes deve tirar uma condenação judicial.

1 comentário:

zab disse...

Incomoda-me que, gostemos ou não de Sócrates, temos um primeiro ministro que é referido pelas autoridades inglesas, temos procuradores que têm de vir a público dar entrevistas e falam sobre suspeitos fortes, não suspeitos e suspeitos assim-assim, onde, no caso de Cândida Almeida, deixa transparecer que sabe muito mais do que aquilo que revela, temos fugas de informações, e debaixo da maior crise económica de que muitos se lembrarão, passamos uma semana mergulhados na suspeita de se Sócrates, está ou não está implicado no caso Freeport.

O que eu gostaria, era que o Primeiro Ministro não estivesse implicado. Mas também gostaria que o Ministério Público, os Procuradores, e outros agentes da justiça, parassem de dar entrevistas, e deslindassem o caso, no mais curto espaço de tempo. Que disponibilizassem todos os meios, para ilibar ou concretizar as suspeitas. E sobretudo, que se afastassem de protagonismos políticos, demasiado ambíguos.

Todo este arrastar de especulações, que julgam em praça pública um primeiro ministro, que tem de se presumir inocente, até provado em tribunal o contrário, não mancha só a imagem pessoal de José Sócrates: mancha o país todo.

Há ainda outra coisa que me incomoda, no meio da gravíssima crise que o país atravessa: que os jornalistas sejam chamados a S. Bento, à residência oficial do primeiro ministro, para um conferência de imprensa, não sobre medidas governativas, mas sobre cabalas e poderes ocultos que o querem derrubar. O papel de coitadinho, fica mal a qualquer um. A um primeiro ministro, fica ainda pior.


Apenas mais um detalhe, nesta história de movimentações de dinheiros, que alguém recebeu. Diz-se que o alegado corrupto,mandou vir o dinheiro de fora para cá. Teria sido muito burro! Hoje ouvi um comentário idêntico sobre o assunto, e que nos deixa a pensar: será possível que Sócrates, ainda que fosse corrupto, fosse tão burro, que liderasse o processo de pagamento de luvas, que estivesse presente em reuniões, que tivesse dado o seu mail pessoal para tratar desses assuntos, e que, last but not least, que mandasse vir o dinheiro para cá e utilizasse familiares para o movimentar?? Se isto fosse verdade, teria de concordar com quem afirmou, que isso só seria possível se ele fosse um autêntico imbecil.

Ninguém gosta de imaginar que tem um primeiro ministro corrupto. Mas um imbecil, parece-me quase pior!!

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Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

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