Memórias de muitos anos de reportagens. Reflexões sobre o presente. Saudades das redacções. Histórias.
Hakuna mkate kwa freaks.











sexta-feira, julho 31, 2009

Exercício político





Nos últimos dias tenho conversado com alguns jovens, todos com formação universitária, utilizadores de ferramentas de trabalho utilizadas nas novas tecnologias de comunicação. Sabem tudo sobre Photoshop, HTML, PHP, Java, RPG, Cobol e outros códigos, para mim indecifráveis, mas nenhum me soube dizer quem foi Sá Carneiro, nunca ouviram falar do MRPP, ver televisão não lhes interessa por aí além, não ligam às notícias. Fazem parte dos 63% de abstencionistas nas últimas eleições europeias, embora eu acredite que boa parte da abstenção não se deveu à ignorância mas, antes, à desilusão.

Talvez por isso, todos os candidatos às próximas eleições legislativas (em Setembro) e autárquicas (em Outubro) se preocuparam em marcar presença na Web. Não há partido político, do CDS ao MRPP, não há candidato (do Paulo Portas ao Garcia Pereira) que não tenha já um blogue, um site, o perfil no Twitter e no Facebook. Talvez assim a malta jovem se ligue um pouco mais à política… embora o que realmente nos interessa é que eles (os políticos) passem a ter vergonha na cara e respeitem os compromissos que assumem nas campanhas. Porque as promessas políticas são moedas cunhadas nas duas faces: há o prometer e o cumprir.

A verdadeira artista...





Manuela Ferreira Leite diz que é bom que os ricos "dêem muitas festas, que façam muitas coisas, porque isso dá muitos postos de trabalho a muitas pessoas".

terça-feira, julho 28, 2009

Tribunecas

O crescimento do Bloco de Esquerda faz-se, em boa parte, à custa dos eleitores desiludidos com o PS. Mas, também, aproveitando os descontentes do PC, embora, neste momento, o PC não tenha grandes problemas de dissidência. A reacção do PS é, digamos, óbvia, ao tentar captar elementos proeminentes do Bloco, casos de Joana Amaral Dias e Miguel Vale de Almeida. Ele foi colocado em lugar elegível nas listas pelo círculo de Lisboa e, certamente, ficará conhecido como o primeiro gay assumido no Parlamento. Há outros, mas nunca se assumiram… Ela terá recusado a manjedoura parlamentar e o Bloco anda, agora, a fazer um escândalo com um alegado convite de Sócrates para que Joana ficasse a dirigir não sei que instituto público.

O problema do Bloco não são as sinecuras prometidas, as tribunecas a troco de 30 dinheiros, o problema dos dirigentes do Bloco é que eles sabem que se o PS guinar verdadeiramente à esquerda acaba com eles. O meu problema é que com uma esquerda assim a direita vai ganhar. E... muito estranhamente, com o meu problema não me parece que Sócrates ou Louçã estejam preocupados.

segunda-feira, julho 27, 2009

Pregar aos peixes


Quando ouvimos um político ufanar-se de ser pragmático, ou seja de praticar uma doutrina que releva o valor prático das acções, temos tendência para concordar…. Pois então, trata-se de um homem que sabe o que quer e para onde vai, certamente um bom líder, um daqueles que nunca tem dúvidas e raramente se engana – pensamos logo. Mas, se pararmos para reflectir, percebemos que o pragmático é, apenas, o tipo que defende o que lhe convém e que raramente se importa com os outros. Pragmático é, por norma, aquele que é capaz de vender a alma ao diabo para alcançar um objectivo pessoal. Então, acho que vou passar a dar mais atenção aos que se mantêm leais aos ideais, mesmo às ideologias. Aqueles que ainda acreditam, depois de todos os muros terem caído. Que continuam a pregar aos peixes, derrota eleitoral após derrota eleitoral, e que não se importam. Sempre são mais fiáveis.

sábado, julho 25, 2009

Mau feitio

Quem segue a actualidade internacional sabe bem que os problemas com que nos confrontamos não são exclusivos de Portugal.
O desemprego galopante, a falência e a deslocalização de empresas, a baixa do poder de compra afectam de igual modo a vida de espanhóis, franceses, italianos, ingleses… e não se pode dizer que a culpa seja de Sócrates.
Em França, por exemplo, há até novos fenómenos de radicalização das lutas laborais, com os trabalhadores a organizarem-se em comités ad-hoc e a prescindirem do papel mediador das estruturas sindicais clássicas. Para muitos franceses, a luta pela sobrevivência já ultrapassou as fronteiras da contemporização e deixou de ser admissível permitir que o patronato deslocalize calmamente uma empresa para um país asiático de mão-de-obra quase escrava. As situações violentas têm-se multiplicado no último mês, com vários casos de sequestro de empresários e ameaças de destruição do património das empresas encerradas por mero calculismo capitalista. Há até instalações fabris que foram ocupadas por trabalhadores e armadilhadas com cargas explosivas prontas a serem deflagradas caso a polícia ensaie alguma tentativa de resolver o conflito pela violência legalizada. Os problemas de Sarkozy são bem maiores que os de Sócrates, são à escala do país, como é evidente… mas Sarko não tem eleições à porta. O governo francês tem tentado dialogar com os promotores destas situações, mas os impasses acumulam-se e a França arrisca-se a ter no regaço uma questão social verdadeiramente explosiva no final deste Verão. Por parte dos sindicatos, o silêncio é quase absoluto, pelo que se lê nos jornais… ou foram de férias (um direito inalienável do trabalhador enquanto tem trabalho) ou não sabem o que dizer.
Ah, Marianne… que feitio o teu!

quinta-feira, julho 23, 2009

Voto sentido - 2



Ferreira Leite não tem consciência social, não a sinto sensível aos problemas dos trabalhadores de salário mínimo, dos desempregados, dos sem casa condigna, dos transgressores do limiar da pobreza.
Por isso, rejeito-a. É-me desagradável. Não votarei nela.

domingo, julho 19, 2009

As boas razões para um corte de estradas


Odeio praias cheias de gente, mas os meus filhos não querem saber disso e acham que a água nunca está demasiado fria. Então, lá fui até Carcavelos…
Em Paço D’Arcos, engarrafamento. Trânsito bloqueado, marchava-se a passo lento. Depois de Paço D’Arcos, a explicação… a marginal estava cortada desde ali até à rotunda de Carcavelos, informação fidedigna transmitida por um polícia de serviço ao corte de estrada. As razões em concreto não sei, nem quis saber, mas imagino que esteja relacionado com alguma corrida de bicicletas ou de patins de roda em linha promovida por alguma associação de adeptos do desporto ao ar livre. Nada contra, mas não percebo porque o fazem na via pública. Se a Lei não permite que a indignação da população seja razão para um justo corte de estradas, então não percebo porque se permite este outro tipo de manifestação que, pese embora todas as boas intenções, acaba por redundar no mesmo transtorno para quem precisa de circular pela estrada cortada. Só acrescento que admito que se corte uma estrada por um bom e justo protesto, mas já me chateia ser prejudicado porque há uns tipos que gostam de se exibir a andar de bicicleta. Mas isso sou eu a falar, que tenho mau feitio.

sexta-feira, julho 17, 2009

A discriminação pode ser uma questão geográfica


Sou daqueles que acham que discriminar dadores de sangue homossexuais é uma cretinice. O que está em causa são os chamados comportamentos de risco que propiciam a propagação de doenças como a SIDA, mas o simples facto de se ser homossexual não significa que se seja promíscuo. Conheço alguns casos de homossexuais fiéis ao parceiro e extremamente cuidadosos com questões de saúde. Conheço casos de heterossexuais, homens e mulheres, doidinhos por dar uma facadinha no matrimónio à primeira oportunidade. Conheço hetero que se drogam e gays que só bebem água mineral. E o contrário. É a vida e o comportamento humano. Por isso, acho que excluir os gays da capacidade de doar sangue é uma discriminação idiota. Façam-lhes os testes e se o sangue for bom, aceitem-no. Não sou gay e é o que normalmente acontece comigo, quando dou sangue. E nos últimos anos, o meu sangue tem sido sempre rejeitado, porque a malária me contaminou para todo o sempre e tenho um sangue impróprio para consumo de terceiros. Isto, quando o faço em Portugal. Mas a última vez que doei sangue foi em Luanda, em Abril passado. O enfermeiro de serviço no Hospital Maria Pia aceitou como boa a minha palavra ao dizer-lhe que não ia às putas. Tirou-me a litrada e misturou-a anonimamente com outras que esperavam ocasião de virem a ser precisas. Ainda o avisei da malária, mas ele encolheu os ombros. Quem é que não tem malária em Angola?

Os trabalhadores pagam a crise


É raro que um jornal publique notícias sobre os seus próprios conflitos laborais. O Público fê-lo hoje, talvez porque se trata aparentemente de uma boa notícia, ou seja, do propalado fim do conflito… que, de facto, não acabou nada, continuará dentro de algum tempo, quando o patrão verificar que não é assim que lá vai.
A questão é que o jornal dá prejuízo, 4 milhões ao ano, segundo julgo. E o senhor Azevedo acha que é cortando na massa salarial que vai ganhar dinheiro. Olhando para o exemplo de outros, diria que se trata de um erro. Um projecto de comunicação social ganha-se investindo, reinvestindo, dinheiro e imaginação, levando os criativos a vestir a camisola, fazendo com que o local de trabalho passe a ser uma segunda casa, senão mesmo a primeira. É assim que se vencem essas batalhas, com mel e não com fel. O que o senhor Azevedo está a fazer é a destruir a esperança e a transformar o projecto de um jornal num mero emprego a prazo e mal pago. Assim, não vai lá. A partir de agora, o Público passa a ter jornalistas com medo, inseguros em relação ao futuro, inseguros em relação a si mesmo. Passa a ter trabalhadores que farão tudo para sobreviver, atropelando-se mutuamente, destruindo relações de camaradagem, anulando lealdades, como derradeira esquema de sobrevivência.
O Público “convenceu” os trabalhadores a abdicarem de uma parte do salário, como contrapartida não haverá nenhum processo de despedimento colectivo. Quem será o ingénuo que acredita que o problema ficou resolvido?

quarta-feira, julho 15, 2009

Mãos ao ar, isto é um assalto!


Os casos BCP, BPN e BPP, casos (crimes?) de gestão danosa e de fraude praticados pelos banqueiros que mandavam nesses bancos estão a ajudar a enterrar o governo. Não que o governo tenha tido alguma participação nessas malfeitorias, mas porque o governo e o PS insistiram em defender o governador do Banco de Portugal das acusações de incompetência no desempenho do papel de fiscal de boas práticas bancárias.
Por questões de mero oportunismo político, os partidos da oposição tudo fizeram para queimar o cadeirão de Vítor Constâncio, não por ele ser o governador do BdP mas, apenas, porque ele é do PS. Na reacção, o governo e o PS não o deixaram cair.
Sócrates, Santos Silva e demais, que costumam ser tão lestos a deixar cair carneiros no altar dos sacrifícios, teimaram em defender Constâncio… e vão pagar politicamente por isso. Só lamento que todo o barulho que se faz à volta desta questão da culpa do regulador, sirva apenas para distrair as atenções dos verdadeiros “assaltantes” de bancos.

domingo, julho 12, 2009

E ao escriba, ninguém passa cavaco

Os grandes patrões dos médias europeus anunciaram um cerrar de fileiras na guerra que travam já há uns anos contra os motores de busca e os agregadores de notícias, que utilizam os conteúdos das páginas digitais dos órgãos de comunicação social, casos do Google News ou, numa versão caseira, o eusou.com .
O que eles querem é, cito o que li no Público (que cita Mathias Döfner, presidente do grupo alemão Axel Springer), “uma fatia justa das receitas que são geradas pela exploração comercial dos nossos conteúdos”.
Portanto, o que eles querem é dinheiro, mas argumentam eufemísticamente com a necessidade de se respeitar a propriedade intelectual e, como diz Balsemão (citado pelo Público na sua qualidade de presidente do European Publishers Council), “apelamos aos governos para que apoiem o direito de autor na era da Internet”.
Mathias e Francisco querem receber por aquilo que se recusam a pagar aos jornalistas que trabalham para eles. Quem é o jornalista que recebe direitos de autor pelo seu trabalho? Quem é então o detentor da propriedade intelectual de uma obra, quem a faz ou quem paga o salário ao criativo? Qual destes magnatas da comunicação já alguma vez pagou a um jornalista por utilizar o seu trabalho nas sinergias dos grupos que controlam?
De resto, acho que está por fazer o cálculo dos benefícios usufruídos pelos órgãos de comunicação social ao serem citados pelos serviços agregadores de notícias e motores de busca. É que, invariavelmente, o utente acaba por lá ir parar, quando não é imediatamente dirigido para lá.

sábado, julho 11, 2009

1 + 1 = 11


Tenho feito um esforço, mas não consigo entender esta lógica aritmética que vai somando todos os casos positivos de gripe A. As notícias de hoje dizem que “sete novos casos de gripe A foram confirmados nas últimas 24 horas em Portugal, fazendo subir para 86 o número total de infecções deste vírus no país”, mas na realidade há apenas 7 pessoas internadas nos vários hospitais. As outras já estão curadas.
Segundo creio, todo este alarme se deve à rapidez de propagação do vírus H1N1. Mas não me parece que seja um vírus especialmente letal para justificar sucessivas conferências de imprensa da ministra e entrevistas ao director-geral da Saúde. Ou então há alguma coisa que me escapa, o que até é bem possível porque sou um leigo na matéria.

Mas achei curiosa uma reportagem que vi, no Telejornal, sobre a eventualidade dos políticos em campanha alterarem os hábitos beijoqueiros durante os banhos de multidão... o H1N1 será uma óptima desculpa para fintarem as velhas babadas e as criancinhas ranhosas.

sexta-feira, julho 10, 2009

Retratos e mensagens

O fotógrafo português Edgar Martins viu um trabalho seu ser retirado do site do New York Times, porque em pelo menos uma fotografia a imagem foi manipulada digitalmente. Edgar Martins terá utilizado Photoshop para realçar o efeito que pretendia quando fez a fotografia.
O fotógrafo diz que não é um mero intermediário e que, por isso, não se limita a retratar a realidade. Ele quis provocar um determinado efeito, quis comentar a coisa, dar uma opinião.
A discussão que se levantou é se o que ele fez é legitimo, do ponto de vista jornalístico, que era o que o New York Times pretendia ao encomendar o trabalho ao fotógrafo.
Mas quando a discussão chega a este ponto, não se pode restringir ao trabalho de recolha de imagens dos repórteres fotográficos ou de televisão. Quando um jornalista escreve um texto, as palavras que escolhe influenciam a visão que o leitor vai ter sobre o assunto. Dois jornalistas jamais farão a mesma reportagem sobre o mesmo assunto. A subjectividade é total, mesmo se os dogmas da profissão falam em isenção, equidistância e outras coisas impossíveis de alcançar.

foto de Edgar Martins

quinta-feira, julho 09, 2009

Financiadores

Encontrei um rascunho no computador, um copy paste de uma notícia de meados de Janeiro deste ano que dizia que o presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, havia denunciado a existência de uma "onda de aproveitamento" da crise para gerar mais desemprego, situação que tem na origem "a não assumpção das responsabilidades sociais".A notícia citava longamente Oliveira Martins ao dizer que "vemos muitas situações em que percebemos que se está a aproveitar este momento para não assumir as responsabilidades sociais".
Curiosamente, desde então, e já lá vão mais de seis meses, não me lembro de ver nenhum partido político pegar nesta questão. E tenho a impressão que nunca irei ver, tanto mais que vamos entrar em sucessivas campanhas eleitorais e adivinhem quem vão ser os principais financiadores dos partidos políticos, pelo menos daqueles que têm tido os poderes legislativo e executivo na mão.

terça-feira, julho 07, 2009

Vermelho de Natal


Só damos por ele quando há eleições. Não que ele ou o partido não mantenham uma actividade política regular, mas porque só quando são obrigados a isso os órgãos de comunicação social dão cobertura às suas actividades. É por isso que ele só aparece em campanhas eleitorais, em reportagens de circunstância nos noticiários e… nos tempos de antena. É quando os pequenos partidos políticos têm algum ar para respirar. E é assim que se alimenta a ignorância sobre o perfil desses políticos e se mantêm estereótipos criados há dezenas de anos pela propaganda dos partidos maiores.
A propósito disto, hoje ao almoço ouvi uma história deliciosa que não posso deixar de partilhar.
Era Dezembro não sei de que ano e ele andava por Alfama, em campanha para as autárquicas. É um dos seus percursos de eleição, gosta de lá ir e parece que é sempre bem recebido pelos moradores. De ruela em ruela, cumprimentava pessoas e trocava palavras com quem tinha reclamações a fazer. Uma dessas pessoas levou-o a entrar em casa, certamente por causa de alguma obra de reparação que o senhorio ou a câmara deviam fazer e não faziam. O candidato ouvia e enquanto circulava pela casa reparou na árvore de Natal da velhota. “Olha, que bonita árvore de Natal!” disse, “até parece a minha!”, observação que surpreendeu a senhora: “Mas o senhor também faz árvores de Natal?”, perguntou ela ao líder do PCTP/MRPP – Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses/Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado.
Garcia Pereira explicou então à senhora que considerava o imaginário do Natal essencial para a educação das crianças e que, como tinha filhos, celebrava a festa todos os anos. Mesmo com esta explicação, julgo que a estranheza da senhora não se terá dissipado. Não é fácil de aceitar que um comunista empedernido se ajoelhe para colocar bolas coloridas e luzinhas cintilantes num pinheiro cortado. Será que eles são humanos?

segunda-feira, julho 06, 2009

Break a leg (salvo seja...)


Não quero parecer demagógico, nem ciumento, nem invejoso… mas acho que o que se passou hoje com a sacralização de Cristiano Ronaldo ultrapassou todos os limites do bom senso e do pudor.
Cristiano Ronaldo é um belíssimo jogador de futebol. Ponto. Não é um cientista de renome, não ganhou nenhum Prémio Nobel, não se distinguiu em nada excepto a jogar à bola. Mesmo dando de barato que o futebol é um desporto do agrado da maioria das pessoas, nada justifica que todas as televisões do país tenham enveredado por dar cobertura a uma mera operação de marketing de um clube espanhol que, por manifesta falta de vergonha, decidiu pagar um balúrdio pela transferência de um jogador de futebol. No que toca à RTP, não vi nenhum serviço público na indigestão de directos realizados ao longo do dia, desde o aeródromo de Tires até ao hotel de luxo onde o rapaz foi tomar um duche antes de se apresentar à massa associativa madrilena. Quanto à SIC e à TVI, não surpreende a orientação tablóide do critério…
Resumindo, gostaria de saber quanto pagou o Real Madrid pela parceria das televisões portuguesas na operação de propaganda que montou.

domingo, julho 05, 2009

Pobre não é cidadão


Tem 50 anos e é mãe de duas adolescentes. Ambas estudam mas uma tem uma doença crónica detectada aos quatro meses de idade, razão pela qual a mãe recebia um complemento de abono de família, uma pequena ajuda do Estado para auxiliar nas imensas despesas médicas. A mãe ficou, agora, desempregada. E ao mesmo tempo que ficou desempregada viu o complemento de abono de família ser cortado. Porque o dito complemento só é pago quando existem descontos para a segurança social. Desempregada, a mãe deixou de fazer descontos… pois a miúda doente crónica deixou de ter direito à ajuda do Estado. Até custa a acreditar...
A frieza deste Estado é inaceitável. Mas se pensarmos que o Estado é aquilo que as pessoas querem que seja, então é a nossa frieza que é inaceitável. Uma frieza que se traduz, tantas vezes, em actos comezinhos e aparentemente distantes deste estado de coisas…
Tenho um amigo que faz parte de uma agremiação recreativa, um clube de bairro onde os sócios cruzam saberes, experiências e anedotas sobre a vida. Um destes dias houve eleições para a direcção da agremiação. O meu amigo não pôde votar porque deixou de pagar quotas desde que deixou de ter dinheiro quando faliu a pequena empresa dele. A falência não o empobreceu apenas, tirou-lhe direitos de cidadania também. Acredito que o magoou bastante ter sido impedido de votar.
Ele e ela têm direito a outro tipo de solidariedade, tanto do Estado como da sociedade.
E não falo de caridade.

sábado, julho 04, 2009

Voto sentido


Nas próximas eleições irei votar. Ainda não sei em quem, mas irei. O meu dilema prende-se com uma profunda desilusão relativamente aos chamados partidos do poder. Já antes votei fora desse binómio e, suspeito, será isso que irei fazer de novo. Julgo que irei contribuir para o enriquecimento da Democracia, ajudando algum dos pequenos partidos que nunca tiveram hipótese de mostrar o que valem, que nunca conseguiram eleger um deputado que fosse. Quero voltar a ver na Assembleia da República um “cavaleiro solitário”, um novo Acácio Barreiros que tão boa conta de si deu e tanto contribuiu para o debate político em 1975. Agora imaginem se pudéssemos ter vários solitários no Parlamento, deputados verdadeiramente descomprometidos com os lobbies dos poderes económico e político, sem disciplinas de voto idiotas e contra-natura, que agissem em consciência e preocupados apenas com a satisfação dos compromissos assumidos perante o eleitorado.

quinta-feira, julho 02, 2009

Burro chifrudo


Manuel Pinho era um ministro politicamente frágil. Por mais de uma vez demonstrou essa fragilidade, deixando-se enredar na maledicência do duelo político-partidário de modo ingénuo. Não é fácil ter estrutura mental para aguentar com todas as torpezas próprias do exercício político. Há quem nunca o consiga e Pinho parece-me ser um deles. Hoje, escorregou fatalmente. Perante um comentário feito em surdina que considerou ofensivo, o ministro partiu para o insulto. Pelo gesto, não percebo se chamava cornudo ao outro se burro. Os dedinhos espetados tanto podem querer significar um par de chifres ou um par de orelhas grandes. Qualquer que seja o significado, acho que todos os dias os senhores deputados se insultam mutuamente de alto a baixo, guarnecidos pelas respectivas imunidades que a qualidade de eleitos lhes confere e nada demais acontece. Ora, Pinho não tem essas prerrogativas, como ministro não foi eleito. Foi despedido, para gáudio da oposição e do “burro chifrudo”.

28 locomotivas a vapor


Em Portugal, os 28 economistas contratados pelo PSD… perdão, conotados com o PSD… perdão, amancebados… enfim, esses 28 doutores em economia, dizem que os grandes investimentos públicos têm de ser repensados, porque não são rentáveis, não criam emprego, não prestam para nada. Se perguntarem às empresas de construção civil ou aos 60 mil operários do sector que já estão no desemprego, talvez encontrem opiniões diferentes, mas não tão doutas, porventura.
Nos Estados Unidos, o presidente Obama também não concorda com os 28 pilares do pensamento económico português. Obama, à semelhança de Sócrates, ou vice-versa, tem também um projecto para a construção de uma rede ferroviária de alta velocidade. Mas Obama acha que esse investimento público vai ser altamente rentável para os Estados Unidos. Vai ajudar a reduzir a dependência da população face ao transporte automóvel, vai reduzir as importações de petróleo e… ainda, vai ajudar a reduzir as emissões de CO2 e estimular o desenvolvimento económico (imagem só!) mediante a criação de postos de trabalho.
O país é grande e os recursos são à escala, mas o projecto acarinhado por Obama desenha 10 linhas de alta velocidade, oito a ligar as principais cidades da costa Leste e duas na costa do Pacífico. Portugal não fará nenhuma...

quarta-feira, julho 01, 2009

Que se lixem!

Pressões?... Não... o que se passa é que para o deputado Branquinho e o PSD, mas também para todos os outros políticos e partidos, democracia é que na pantalha o governo e o PS tenham 50% do protagonismo noticioso, a oposição parlamentar 48% (dos quais, 28% só para o PSD) e a oposição não parlamentar 2%.
José Alberto Carvalho é obrigado, assim, a ir à Comissão de Ética (?) dar explicações sobre os critérios jornalísticos aplicados na RTP e que, pelos vistos, colidem com a necessidade imperiosa de preencher devidamente as quotas noticiosas da actividade partidária. Que se lixe o critério jornalístico, que se lixe o (des)interesse intrinseco das iniciativas partidárias, que se lixe tudo menos o preenchimento das quotas!

AddThis

Bookmark and Share

Arquivo do blogue





Acerca de mim

A minha foto
Jornalista; Licenciado em Relações Internacionais; Mestrando em Novos Média

Seguidores